Por: Rev. Fernando de Almeida | Prompte et Sincere
“Vocês estudam cuidadosamente as Escrituras, porque pensam que nelas vocês têm a vida eterna. E são as Escrituras que testemunham a meu respeito.” (Jo 5.39)
No meio evangélico, é bastante comum o uso da Bíblia como se fosse apenas um simples manual de vida. Muitos a utilizam para melhorar a autoimagem, curar feridas emocionais, fortalecer casamentos e estabelecer padrões morais. Mas será que essa prática está equivocada?
Depende. Alguns desses benefícios podem, de fato, ser alcançados por meio da leitura de bons livros de psicologia e autoajuda, uma vez que há muitos moralistas no mundo cujas condutas éticas se assemelham a certas práticas cristãs. Seria, então, a Bíblia apenas mais uma fonte entre tantas outras para esse tipo de orientação? Como pastor, em meu esforço de incentivar um cristianismo prático na igreja, muitas vezes me perguntei se não estaria reduzindo a Palavra de Deus a um mero manual de boa conduta.
A Bíblia, contudo, deve ser entendida como algo infinitamente maior. Ela não é apenas um guia para a vida, mas sim o testemunho do próprio Autor da vida. Ao lê-la, nossos olhos não devem ser os de um consumidor que, como quem consulta um cardápio em um restaurante, busca apenas a satisfação de suas necessidades imediatas. Jesus, certa vez, confrontou os fariseus, dizendo que, embora examinassem minuciosamente as Escrituras, não conseguiam reconhecer nele o verdadeiro Messias: “Vocês estudam cuidadosamente as Escrituras, porque pensam que nelas vocês têm a vida eterna. E são as Escrituras que testemunham a meu respeito” (Jo 5.39). Em outras palavras, os fariseus deveriam ver Jesus nas páginas da Bíblia, e não usá-la apenas como ferramenta para sustentar seus próprios interesses.
Jesus é o centro da Palavra de Deus, tanto no Antigo quanto no Novo Testamento. Sua morte nos conduz à verdadeira vida e nos aponta para a eternidade como o cumprimento final de todas as promessas de Deus ao seu povo. Pelo exemplo de sua vida, somos levados a compreender e a desejar a lei do Senhor, que é “mais doce do que o mel, do que as gotas do favo” (Sl 19.10).
Portanto, é essencial que abandonemos uma leitura utilitarista da Palavra de Deus. Ela deve ser lida não com os olhos de consumidores, mas com o coração de servos, que se curvam em reverência diante de seu Deus.