Por: Túlio Leite | Prompte et Sincere

    Converti-me em uma igreja que adota como símbolos de fé os catecismos e a Confissão de Fé de Westminster. No entanto, passei 15 anos sem ouvir uma palavra a respeito do conteúdo desses ‘símbolos’, até que, já oficial da igreja, tive contato com a literatura dita calvinista. Comecei a ler Lloyd-Jones, Spurgeon, Edwards, Owen, Calvino, Lutero, Zuinglio. Fiquei abismado com minha ignorância a respeito de fatos absolutamente fundamentais sobre o evangelho. Descobri que quase tudo o que temos por assentado foi condenado como heresia no Sínodo de Dort.

    Concluí que a Igreja Presbiteriana é calvinista de direito, mas não de fato. Um exemplo deste fato está no artigo ‘O Outro lado da Predestinação – III’, onde o autor simplesmente esvazia de significado uma palavra extremamente importante na Teologia Bíblica. Não o culpo. Provavelmente, 3 anos atrás eu assinaria em baixo de tudo. Diz o autor: ‘Discutir se eleger é escolher não é relevante’. Como não? Está em jogo o significado da palavra!

    E o que diz a ‘nossa’ Confissão de Fé? ” …Deus, antes que fosse o mundo criado, escolheu em Cristo para a glória eterna os homens que são predestinados para a vida” e em outro lugar:” esses homens (…) assim predestinados e preordenados são particular e imutavelmente designados; o seu número é tão certo e definido, que não pode ser nem aumentado nem diminuído”. Assim, há uma escolha da parte de Deus. E esta escolha não é condicional como nosso irmão quis demonstrar: ” …da parte do eleito, anuência (aceitação voluntária)”.

    Mais uma vez a C.F.: “Esta vocação eficaz é apenas da livre e especial graça de Deus e não provém de qualquer coisa prevista no homem; na vocação o homem é inteiramente passivo, até que, vivificado pelo Espírito Santo, fica habilitado a corresponder a ela e a receber a graça nela oferecida e comunicada”. Mais adiante o autor transforma a perseverança dos santos em algo duvidoso: “Ora, se existe o chamamento a confirmação é porque existe a possibilidade de rejeição. Apostatar, então, é não confirmar a eleição, ou melhor, não corresponder à expectativa daquele que nos chamou… Jesus demonstrou cabalmente a sua disposição de sustentar a nossa eleição, se nos correspondermos com nossa fidelidade… Ele jamais nos lançará fora, mas nós podemos sair” (sic).

    Neste ponto, cito Lutero: ‘Se qualquer homem pensa que pelo menos um mínimo da sua salvação dependeu do livre-arbítrio, ele nada sabe da graça e nada aprendeu de Jesus Cristo’. Somente uma espantosa ignorância acerca da nossa natureza humana corrompida pode explicar a crença de que a manutenção da salvação depende de nós. Quanto a mim, eu me conheço. Se me manter salvo depende, em parte, de mim, com absoluta certeza não me salvarei.

    Mas, louvado seja Deus, Ele promete o que está resumido na C.F.: “Os que Deus aceitou em seu Bem-amado… não podem decair do estado da graça, nem total, nem finalmente, mas, com toda certeza hão de perseverar nesse estado até o fim e serão eternamente salvos.” Aproveito para lançar um apelo aos pastores: estudem e preguem as verdades calvinistas! E ao fazê-lo escolham o “horário nobre”, os cultos mais assistidos.

    Termino citando o mesmo texto que serviu de epígrafe ao artigo citado: “Por isso mesmo, irmãos, procurai com diligência confirmar a vossa vocação e eleição. Pois, agindo deste modo, NÃO TROPEÇAREIS JAMAIS!” 2 Pe 1.10.

Share.
Leave A Reply