Por: Dr. César Miranda dos Santos | Prompte et Sincere
“Assim, pois, amados meus, como sempre obedecestes, não só na minha presença, porém, muito mais agora, na minha ausência, desenvolvei a vossa salvação com temor e tremor”
(Filipenses 2.12)
Paulo inicia este versículo com a expressão: “Assim, pois…”, o que significa que colocações e esclarecimentos anteriores fundamentam as orientações que virão agora. Nos versos de 5 a 12 ele usa o exemplo de Cristo como modelo supremo de amor e abnegação, que não mais estará fisicamente em nosso meio, mas a Ele devemos seguir e imitar. Então Paulo adverte: “como sempre obedecestes, não só na minha presença, porém, muito mais agora, na minha ausência”.
As práticas da vida cristã, santidade, comprometimento, exercício dos dons e a disposição para o serviço, não podem estar ligadas ou dependentes da presença ou acompanhamento deste ou daquele líder, desta ou daquela pessoa. Seja ela um presbítero, diácono, pastor, conselheiro ou professor. Tais pessoas não estarão presentes em todas as ocasiões para nos orientar em tomadas de decisões ou em nosso comportamento. De fato, cedo ou tarde, todos passarão e não mais estarão conosco. Devemos obedecer ao Senhor, que sempre estará conosco e a Ele obedecer por amor.
Paulo finaliza esse versículo dizendo “desenvolvei a vossa salvação com temor e tremor”. A salvação do crente tem um início, um meio, e um fim. Ela se inicia na soberana graça de Deus Pai, que nos predestinou, chamou de uma forma doce e irresistível e nos justificou pelo Sacrifício de Jesus. Nos convertemos, reconhecemos que somos perdidos pecadores e nos arrependemos.
A salvação continua durante toda a vida cristã (santificação). Este processo não é espontâneo, nem tão pouco natural. Ele demanda participação ativa, e que nós, dia a dia, recusemos os desejos e tendências carnais que vem da natureza corrompida. Isso requer esforço, disciplina e frequentemente sofrimento. A todo esse processo Paulo chama de desenvolver a salvação.
O final deste processo de santificação é a glorificação que ocorrerá no grande Dia do Senhor. “E aos que predestinou, a esses também chamou; e aos que chamou, a esses também justificou; e aos que justificou, a esses também glorificou” (Rm 8.30).
É muito importante atentar para a advertência final neste verso de se desenvolver a salvação com “temor e tremor”. É imprescindível uma postura de respeito e reverencia, de forma sincera e confiando em Deus.
Muitos tem uma vida que se assemelha ao mundo, pois tem o pensamento: “já que sou salvo mesmo”. A Palavra nos adverte no sentido de que tudo o que fizermos, seja a coisa mais simples, como lavar a louça, e até procedimento mais complexo, como a educação dos filhos, deve ser feito com prudência, reflexão e com o propósito final de glorificar o nome de Deus. Haverá de chegar o dia em que todos compareceremos diante do Senhor que é bondoso e amoroso, mas que também é justo e Santo. Somos chamados a viver em santidade segundo os preceitos que Deus nos dá em Sua Palavra. Fomos libertos sim, libertos do pecado, que não mais tem domínio sobre nós. Nossa responsabilidade é conhecer mais e mais, dia a dia, a vontade de Deus para todas as áreas de nossas vidas. Seja em casa, no trabalho, na Igreja e em todos os ambientes, com o entendimento dessa realidade, devemos temer e tremer. Em 2 Coríntios 5:10 encontramos: “Porque importa que todos nós compareçamos perante o tribunal de Cristo, para que cada um receba segundo o bem ou o mal que tiver feito por meio do corpo.” Por isso, Paulo nos adverte: desenvolvei vossa salvação com temor e tremor. Amém!
