Por: Dr. César Miranda dos Santos | Prompte et Sincere

“Irmãos, quanto a mim, não julgo havê-lo alcançado”; mas uma coisa faço: esquecendo-me das coisas que para trás ficam e avançando para as que diante de mim estão,” (Fp 3.13)

“Irmãos, quanto a mim, não julgo havê-lo alcançado.” Muitos de nós nos vemos como sendo crentes muito maduros, piedosos e espirituais. Temos até dificuldade em reconhecer ou visualizar algum pecado que possamos ter cometido. Façamos um teste? Pense agora em um pecado que você cometeu hoje… foi difícil? Tal erro não é incomum nem é novidade na Igreja.

O mesmo erro parecia acometer na fiel Igreja de Filipos, pois Paulo, como modelo aos filipenses, reforça “quanto a mim, não julgo havê-lo alcançado”. Se você se acha um “modelo de crente” ou muito espiritual, siga o exemplo de humildade de Paulo e peça que o Senhor lhe abra os olhos.

De fato, a perfeição ou a plena santidade não podem ser alcançadas na presente vida, mas somente no lar celestial. Porém, é muito importante não usar esta realidade espiritual como desculpa para nossa imaturidade ou para nossa vida infrutífera.

“mas uma coisa faço esquecendo-me das coisas que para trás ficam.” Encontramos em Efésios 4.22: “quanto ao trato passado, vos despojeis do velho homem, que se corrompe segundo as concupiscências do engano”. Devemos abandonar o passado de cegueira e de trevas espirituais. Como o autor aos hebreus registrou, a vida cristã é uma corrida: “corramos, com perseverança, a carreira que nos está proposta”, muitos obstáculos são vencidos progressivamente, sendo que o maior dos obstáculos é o pecado. O grande problema é que, normalmente, o pecado nos assedia tentando nos seduzir a voltar para ele.

“e avançando para as que diante de mim estão.” Numa corrida, principalmente com obstáculos, se você olhar para trás as consequências serão duas: a lentificação (diminuição de velocidade do progresso) e uma provável queda.

Em 1 Pedro 1.14-16 encontramos: “Como filhos da obediência, não vos amoldeis às paixões que tínheis anteriormente na vossa ignorância; pelo contrário, segundo é santo aquele que vos chamou, tornai-vos santos também vós mesmos em todo o vosso procedimento, porque escrito está: Sede santos, porque eu sou santo”. A tendência da maioria dos que nos cercam, em muitos casos não regenerados, é nos pressionar a nos conformar com o presente século, tomar a forma do mundo, cedendo as paixões que são a inclinação natural da carne, seja no ambiente acadêmico, no trabalho, em família, nos momentos de recreação, etc.

Porém, uma vez que fomos salvos, resgatados das trevas para a luz, tivemos nossos olhos espirituais abertos e, tendo sido confrontados com a vontade de Deus em sua Palavra, mais e mais, devemos abandonar a ignorância e crescer no conhecimento do caminho que Deus quer que sigamos, o qual não tem outro destino se não a SANTIDADE.

Muitas vezes em nossa corrida deveremos deixar de lado pesos desnecessários e rever nossas prioridades de vida, de investimento, de tempo, recursos, energia e esforços. Devemos redirecionar nossos objetivos, das coisas terrenas e passageiras, para as coisas lá do alto e eternas. Não dá para olhar para trás.

Foi nesse contexto que Jesus disse em Lc 9.62: “Mas Jesus lhe replicou: Ninguém que, tendo posto a mão no arado, olha para trás é apto para o reino de Deus”.

Que o Senhor nos capacite a esquecer das coisas que para trás ficam e avançar para as que diante de nós estão. Amém!

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M.D., I.M.S., M.C.S Belo Horizonte, MG, Brasil. Presbítero regente da Igreja Presbiteriana do Brasil em Belo Horizonte, MG, 2000-. Médico formado pela Universidade Federal de Minas Gerais em 1994 (M.D.). Especialização e Residência em Clínica Médica/Medicina Interna (IMS); Mestre em Estudos Cristãos (M.C.S.) pela FITRef. Professor de Aconselhamento Pastoral de 1999 a 2000 na Faculdade de Educação Batista Nacional e em 2004 na Faculdade de Teologia de BH; autor de Doença à Luz da Bíblia e A Enfermidade na Vida Cristã. Diretor Clínico do Hospital Público Regional de Betim, 2019-2021. Membro do Board of Directors da FITRef desde 2019.

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