Por: Dr. César Miranda dos Santos | Prompte et Sincere
Fazei tudo sem murmurações nem contendas
(Filipenses 2.14)
Paulo aponta duas situações que se enquadram dentre os principais problemas ou erros que assolam a Igreja de Cristo. Não basta desenvolver os dons e talentos, não basta nos envolvermos nos trabalhos da Igreja ou buscar obedecer aos preceitos do Senhor. Deve fazer isso tudo “sem murmurações nem contendas”.
Murmuração é a atitude de constantemente se lamentar, reclamar e destacar os pontos difíceis, tribulações ou problemas, como se fôssemos grandes sofredores em tudo o que fazemos e em todas as situações de nossas vidas. É aquela postura de considerar a nossa experiência como a mais difícil, a nossa enfermidade a mais dolorosa, o entendimento de que nunca recebemos o devido reconhecimento por nosso esforço e trabalho. É ainda a tendência de se enxergar os defeitos e de se obscurecer as virtudes, ver as deficiências e erros do próximo em detrimento de seus dons e talentos.
É certo que em nossa carreira cristã vamos sofrer e chorar, com toda a razão, e toda a Igreja deve chorar conosco. Mas a Palavra nos orienta em 2 Coríntios 8:2, “porque, no meio de muita prova de tribulação, manifestaram abundância de alegria” e ao descrever o fruto do Espírito em Gálatas 5:22, encontramos “Mas o fruto do Espírito é: amor, alegria, paz, longanimidade, benignidade, bondade, fidelidade”.
Na murmuração há reclamação sem comprometimento. Há uma disposição para levantar a voz quanto aos problemas, discordâncias e dificuldades em geral, mas não há disposição para tentar resolver a situação, de fato. O fator determinante para a murmuração é a postura do coração. Muitas vezes, ao admoestar meus filhos, ou quando lhes dou ordens explícitas sobre uma mudança de ação, eles obedecem, porém, a murmuração se manifesta. Quando as ações e reações não vêm de um coração sincero que se alegra em obedecer, haverá murmuração.
Mas a advertência de Paulo continua… “Fazei tudo sem murmurações nem contendas”. Contendas são os desentendimentos acirrados, aqui no caso, entre irmãos.
É certo que nem sempre haverá entendimento ou sintonia entre pontos de vista ou ideias dos irmãos. Às vezes, em uma discussão mais acalorada, um irmão nos ofende e nós nos iramos, mas a Palavra nos admoesta em Efésios 4.26, “Irai-vos e não pequeis; não se ponha o sol sobre a vossa ira”. Não percamos tempo e busquemos a reconciliação o quanto antes. Em Provérbios 10.12 encontramos: “O ódio excita contendas, mas o amor cobre todas as transgressões”. O nosso amor para com o próximo tem coberto as transgressões cometidas contra nós? A postura apaziguadora, reconciliadora e especialmente de humildade, vai frontalmente contra a sua natureza carnal. Tal postura não é natural, mas é parte do fruto do Espírito.
Devemos clamar ao Senhor que nos dê verdadeiro desejo de sermos fiéis e obedientes e que nos agrademos do Senhor, tendo verdadeiro gozo e prazer em cumprir sua vontade. Que o Senhor nos dê olhos bons, olhos luminosos. Que Ele nos faça ver nossa pecaminosidade e nos dê humildade, pois “São os teus olhos a lâmpada do teu corpo; se os teus olhos forem bons, todo o teu corpo será luminoso; mas, se forem maus, o teu corpo ficará em trevas” (Lucas 11.34).
Que o Senhor nos livre das murmurações e contendas, Amém!